segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Para onde iremos... Como superar... No que nos transformamos...

Falar um pouco sobre o luto, algo que não nos escapamos, mais dia, menos dia ele bate em nossa porta. Uma das mais difíceis compreensões da vida, se é que se pode compreender algo tão absurdo. A morte, trás o luto, o luto trás o fim. Compreender a morte é algo muito complicado, se é que alguém consegue compreender, eu até hoje não consegui, não cheguei a uma conclusão, se a morte é o fim de um ciclo, se a morte é a continuação da trajetória em outro corpo, em outra parte do planeta, completamente diferente do que encontramos aqui. Ainda se é apenas o início do reconhecimento das ações feitas aqui quando ainda um coração palpitava no peito. Sim, porque muitas e muitas pessoas têm suas ações reconhecidas apenas quando morrem, pois, quando vivas, eram ignoradas, ou não reconhecidas, muitas nem agradecidas eram.
Outro absurdo é quando uma pessoa morre e os familiares fazem todas aquelas homenagens, mensagens de que era uma grande pessoa, que era o melhor pai, a melhor mãe, melhor isso, melhor aqui, melhor aquele outro. Mas quando em vida era o carrasco, o traste, o cara que só incomodava, que só perturbava, o chato, o burro, e blá, blá, blá.
Tive grandes baques em minha vida já com a perda de entes queridos, felizmente, se é que se pode dizer assim, não foram familiares, mas é como se fossem, um grande amigo, um irmão, o melhor dos amigos que tive, Pitchy, partiu tão cedo, que nem tempo deu de por em prática todos os planos que tínhamos, nem deu tempo de viver a vida que tinha. Henrique, grande parceiro também, tudo foi tão rápido, tão corrido que a morte o levou tão depressa, deixando interrompidos diversos sonhos. Citando apenas dois, mas posso dizer que a morte já me levou dezenas de grandes amigos, conhecidos, e que de todos, não tivemos tempo de nos despedir. Uma situação que marca muito nossa vida, a perda de alguém, a dor do luto, o martírio que é ter que deixar um amigo ser enterrado em um túmulo de tijolos gelados, que quando o sol bate esquenta, e a chuva refresca. Lembro que um tempo em que passe por depressão, depois da perda de um desses grandes amigos, nas semanas seguintes que ele havia partido, eu não conseguia comer nada, lembro que quando me sentava à mesa, olhava para a comida e pensava comigo mesmo, “porque eu tenho que comer, se ele não está aqui para comer também”, e assim deixava lá a comida e não comia nada. Lembro também que na semana seguinte ao enterro, fizeram alguns dias de chuva e de temperaturas um tanto amenas, não era frio, mas quando chovia eu chorava, desesperando pensando que, “ele estava lá embaixo da chuva, e está passando frio, eu preciso tirar ele de lá”, e assim ficava desesperado.
Eu não conseguia perceber que a minha vida estava continuando, que a vida dele havia sido interrompida, ou continuado em outro lugar, não sei, mas que a minha estava ainda presente, as estruturas, um tanto quanto abaladas, mas estavam ainda aqui. E foi assim, levando a vida desta maneira, que com a ajuda de grandes pessoas, grande amigos que conquistei nesse tempo, consegui superar, e depois de três anos entender a partida de uma pessoa para onde quer que ela vá.
Confesso, que precisei passar por esses grande baques, para me tornar a pessoa que sou hoje, muito mais sensível, compreensiva, mais forte até diria. Parece que contradiz, mas ser sensível e ser forte, andam lado a lado, tão junto que por vezes nem se consegue perceber.
O luto é a mistura da dor, com a nossa crença, da religiosidade, indiferente de ser católico, ou qualquer outra religião. Que fere nosso coração, abrindo brechas de saudade em nossos sentimentos, nos deixando um pouco desacreditados da vida, e nos faz pensar que a realidade não existe mais.
Uma coisa apenas continua martelando na minha cabeça e que me pergunto de quando em quando, para onde vão as pessoas depois que morrem? Céu? Inferno? Para onde? Não sei, eu não consigo descobrir. E ninguém até hoje conseguiu voltar para contar.

"[LUTO!] Quando um Grande AMIGO é levado pela Morte, nos Enlutecemos para o resto da Eternidade..."
[André Luís Rech!]

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