Um tempo em que se vive por viver, ou se espera a morte chegar, um tempo que se aproveita a vida, ou outro tempo que nem tanto assim se aproveita, temos passado dias e dias trabalhando, "correndo atrás da máquina", como se diz, vivendo um ano em segundos, ou fazendo valer a vida em segundos.
Mesmo assim certos dias sobra um tempinho para mantermos a tradição, vinda lá nos antigos, e que se torna além de tradição um vício. Qual é o preço de no final de uma tarde, tomar uma boa cuia do mate amargo, das raízes desse povo, guerreiro, e que não se entrega tão fácil?
Mesmo assim certos dias sobra um tempinho para mantermos a tradição, vinda lá nos antigos, e que se torna além de tradição um vício. Qual é o preço de no final de uma tarde, tomar uma boa cuia do mate amargo, das raízes desse povo, guerreiro, e que não se entrega tão fácil?

Bom Chimarrão!
O Chimarrão não é uma bebida
Porem entra pela boca
Mas como tradição
No Rio Grande do Sul e países costeiros
Não se toma Chimarrão para matar a sede
E sim para manter a tradição
Dos nativos, considerado o mais antigo costume gaudério.
Legado de Guaranis, adotado por espanhóis e jesuítas.
O Chimarrão te faz conversar com amigos
Ou te faz pensar ao matear solito
É feito da nativa erva mate
Encontrada no sul do Brasil e norte da Argentina
De costume, oferece ao amigo um bom mate.
Seja no calor do verão
Ou no frio do inverno ao lado do fogão
Desta terra de gaúcho
Que toma conta do mundo
Tradição sem distinção
Mateado por ricos e pobres
Homens e mulheres, colorados ou gremistas.
Mateando juntos, jovens e velhos
Maduros e imaturos
Sem entreveiros, pelos chimangos e maragatos
Sem levar a discussão por pais e filhos
Para um pai quando seu piazito
Começa a chupar um bom mate
Seu coração de alegria parece sair do corpo
E quando passam alguns anos
Tomando o tal do mate morno para as crianças
E solito bota a chaleira no fogo
Descobrindo que tem alma e sangue de gaudério
Esquenta a água e toma seu mate amargo
É para o pai o dia em que seu filho em homem se transforma
Estejamos no Rio Grande do Sul ou no Brasil
Não falta um mate no amanhecer, ou ao entardecer.
Com inflação, com fome, com os militares ou com a democracia.
Com pestes e maldições
Mantemos as tradições
Não falta na vida uma erva para matear
Sentimos felicidade no momento em que o piazito
Tomas por necessidade tomar um mate todo dia
Todos têm uma revolução por dentro
Seja do amor pela Terra
Ou do medo da veracidade do que é bom
O Chimarrão é o respeito pelos tempos
É a demonstração dos valores
É a solidariedade, a igualdade.
De lavar a erva ao matear esperando o assado
Que a chama prepara no fogo de chão
É o companheirismo neste momento
A sensibilidade da água quase fervendo
Que também aquecida pela chama foi
É a modéstia de cevar o melhor mate
A hospitalidade do convite e da amizade
A justiça de matear um por um.
A obrigação de ao menos uma vez ao dia dizer
Obrigado!
É uma atitude ética, franca e leal.
De encontrar-se para compartilhar.
Compartilhe então com seus amigos
Com sua família
Não mate a tradição
Não perca a oportunidade
E lembre-se das palavras ditas pelo grande João Chagas Leite, e escritas por Silvio Genro, na canção, “Seiva de Vida e Paz”, onde diz: “... que se os senhores da guerra mateassem ao pé do fogo, deixando o ódio para trás, antes de lavar a erva, o mundo estaria em PAZ...”
[André Luís Rech!]
Amigo André! Gostei do Blog e fiquei feliz com a citação de um trecho de Seiva de Vida e Paz, letra minha, musicada pelo grande João Chagas Leite.Se queiseres incluir meu nome como autorcom a parceria do João nessa obra, farias este poeta teu amigo ainda mais feliz, tá bueno?
ResponderExcluirTe abraço.