sexta-feira, 7 de maio de 2010

Dia cinza, gritante noite escura...

O tumulto do dia cinza e da noite sem luz. Chega agora o Inverno, dias frios, neblina, tempo fechado, um dos princípios mais favoráveis para a depressão. Mas não tem quem não se deprima num dia cinzento, numa noite fria, com o escuro gritante, de tão calado que é.
Passam momentos na vida, que acabamos nem vendo, o cinza do céu não nos deixa enxergar do outro lado da rua. Não nos mostra a transparencia, a clareza de um dia sublime de verão, de céu azul e calor agradável.
Dias quentes, vemos gente, vemos flores desabrochando, com o leve toque do calor do sol no amanhecer de uma bela manhã. Vemos sorrisos, alegria, felicidade, fazemos coisas novas, diferentes. Vivemos. Ao contrário de dias de inverno, dias frios, chuvosos, que nos entocamos em casa e nem pela janela conseguimos ver do outro lado da montanha se as torres dos castelos de contos de fadas continuam em pé, ou se um golpe de vento, ou a mão do homem mesmo, as derrubou.
Não vemos claridade de ideias, não vemos os sonhos, deixamos coisas e pessoas de lados, inutilizamos nossos dias de folga, tudo por causa da necessidade de um período do mundo. De um ciclo de formação de muitas e muitas coisas.
O bom do inverno, se é que existe lado bom, é deixar os caminhos abertos, para brotação das vinhas, que ao final do verão morreram. Acordando novos brotos para a vida, e surgindo uma nova vida na Terra. Acredito, assim, no futuro, termos mais uma boa safra de uvas, transformando em vinho pelos nossos tão estimados vitivinicultores. Com o vinho e um amor ao nosso lado, aquecemos o que está frio, além de podermos estar criando uma nova vida...
Entretanto, enquanto nascem as vinhas no quintal, morremos aqui dentro de nossa casa, tentando sobreviver ao beber um bom vinho...
Tirar Você da Cabeça
Imaginei um dia
Que o vento poderia tirar-te da minha cabeça
Pois bem, subi ao topo de um morro
Sentei-me lá num dia ventoso

Não adiantou

Pensei que o sol pudesse tirar-te da minha cabeça

Foi o que o fiz, fui a um parque
Deitei no sol de uma tarde quente
Nada, continua aqui.
Pensei então que a água tiraria você da minha cabeça
Peguei então o caminho do mar
Atirei-me na água, quase me afoguei.
Mas nada de sair da minha cabeça

Desafiei então o frio, para tirar-te da minha cabeça.
Subi ao topo de uma árvore no inverno
Vento congelante
Temperatura negativa, até a neve caia.

Mas nada, continuava aqui, na minha mente.
Restavam-me duas tentativas para tirar-te da minha cabeça
Uma delas, a dor.

Perfurei minha carne, deixei o sangue escorrer...
Mas, mesmo assim, não me sai do pensamento
Agora resta uma...

Uma que não terá volta que me fará esquecer te para sempre...

A morte!
[André Luís Rech!]